terça-feira, 16 de março de 2010

Qui Cécille? - Présentation

Cécille nasceu na grande Paris, mas não se orgulhava disso. Seus pais, Katherine e Joseph a mimavam, insistiam em dar tudo o que ela queria materialmente. Cécille tinha apenas 17 anos. Seu rosto era pálido, delicado como porcelana. As bochechas levemente rosadas e os olhos azuis como água marinha, contrastadas com seus longos cabelos pretos, levemente ondulados, a faziam parecer mais com uma boneca que com uma humana de verdade. Seu corpo era esguio, sempre com a pose ereta. Não era gorda, nem magra demais. E com o hábito de viver sempre vestida com vestidos rodados, florais e delicados, ganhou o apelido de 'La Princesse de Paris' .
Apesar de sua beleza, Cécille não era muito comunicativa. Era tímida e tinha poucos amigos. No 'college', sempre se sentava junto de Amélle e Fiore, filhas de duas das amigas de sua mãe, sendo suas amigas desde criança. Fora dali sempre era fechada, não dizia nada com ninguém. Era difícil ouvir sua voz cristalina, onde quer que fosse.
Seus melhores amigos sempre foram os livros e seu piano. Já havia lido grandes nomes, como Cervantes e Shakespeare. As vezes, passava as tardes trancada em seu quarto, lendo cada vez mais. Quando não lia, o piano tomava seu tempo de forma suave. A musica que mais gostava de tocar era Moonlight Sonata, ou , 'Sonate au Clair de Lune' , de Beethoven. Seus pais não gostavam de ouvi-la tocar, mas ela não se importava, apenas desabafava sua vida nas teclas de seu piano.





sábado, 6 de março de 2010

Le chemin est plein de surprises (2)

Com a respiração controlada, e os olhos atentos ela apenas encarava o tempo como algo que deveria ser bem administrado, arte essa que ela não havia sido concebida, Marie era do tipo que fazia guerras de tomates, e se perdia numa imensidão de dois metros, mas nunca conseguia se perder no infinito mundo dos seus pensamentos, pelo menos ela nunca havia tido a oportunidade de se perder naquilo que ela mesma produzia, mesmo sabendo que se tratava de milhões de informações por segundo. Às vezes ficava chocado com a velocidade, do super computador que se chama cérebro, nada seria mais rápido que a velocidade da luz? Claro que existia e isso se tratava da velocidade dos pensamentos.
Enquanto corria contra o tempo, apenas se via capaz de ver o seu ônibus sumir ao longe, suas mãos pareciam leves, e suas pernas corriam contra o tempo, com a velocidade alterada ela havia tido a sorte, de que alguém conseguisse vê-la, e parar aquela situação por alguns segundos.
-Obrigada. –disse ela ofegante, ajeitando sua calça jeans, que ela havia tido tempo para trocar, nos poucos minutos que ainda lhe restava.
-De nada, não teria como deixar o ônibus sair, e fazer alguém perder a hora. –disse o menino oferecendo lugar, próximo ao corpo dele. Ela encarava as pessoas naquele lugar, todas indiferentes, assim como a postura que ela passava muito bem. Algumas entretidas em seus mundos paralelos, criados com uma atmosfera musical implantada em seus ouvidos, alguns perdidos no silencio do caos.
-Você sabe que horas são? –disse Marie com um tom de voz que parecia preocupado.
-São exatamente, 12h59min. –disse ele sem esconder um sorriso depois de ter sido tão formal.
-Obrigada. –disse ela novamente com seu habitual sorriso, ela agora estava em frente a vários espaços que se multiplicavam à sua frente, correndo a velocidade do efeito que o motor mandava até as rodas daquela maquina. Olhando a fora, parecia que ela escondia, dentro de si um receio de perda, parecia que ir pela primeira vez à um lugar, que ela já havia ido antes parecia uma questão bastante arriscada.
-Vai descer no próximo? –disse ele olhando sua apreensão enquanto se levantava.
-Acho que sim. –disse ela se apoiando próxima a porta, vendo que ele dava sinal.
-Acho que se você não tivesse saído eu teria ficado pra trás. –disse Maria ajeitando sua bolsa atrás de suas costas, atravessando a rua, que parecia mais movimentada que o habitual. A sua frente, ela tinha o exemplo de uma igreja católica, que sempre estava fechada em sua memória, algumas simpáticas bancas de jornal, e algumas pessoas que esperavam pacientemente uma maneira de voltar para casa, ou trabalhar.
-Então é isso. –disse ele se virando pegando o caminho pra casa, eles tinham os passos lentos, e por um instante o silencio foi quebrado.
-Ei, qual o seu nome? – A voz de Marie, escoou suavemente em sua mente, e como um reflexo seu corpo havia se voltado para trás, de forma automática.
-Gabriel, e o seu? –disse ele devolvendo a pergunta.
-Marie, meu nome e Marie. –disse ela se virando. –Você teria algo pelo qual eu pudesse falar com você? –disse ela se virando para a direção dele novamente.
-Me fale o seu, e quando eu chegar a casa eu posso te mandar um convite. –disse ele sorridente vendo, ela pegar um papel do bolso, que parecia novo, enquanto ela anotava com sua letra firme, e alinhada.
Voltando-se contra ao vento, ela não tivera muita certeza se ele iria fazer o que havia dito, mas não iria remoer ansiedade dentro de si, por causa daquilo, apenas o tempo poderia mostrar o que ele havia feito as horas mais obviamente. Não sabia o que esperar pela frente, ainda tinha varias letras, e nomes embaralhados em sua mente, desde a última vez que havia visto seu nome em uma lista de aprovados. Havia se surpreendido por ter passado, isso já lhe tirava um grande peso das costas, o seu numero de colocação não importava sendo que já se estava dentro.

Voici la beauté commence (1)

O ar tocava sutilmente com suavidade sobre sua pele. Marie era privilegiada pela mais bela manhã, que a recebia, com um sol das seis que brilhava como ouro, e tocava a cada canto do solo, como um convite de mais um dia.
Seus olhos estavam entreabertos, e suas finas mãos sentiram a suavidade dos lençóis, que havia envolvido seu corpo. Havia se levantado com rapidez, e encarava o seu rosto amassado em frente ao espelho, por mais que sua auto-estima não parecesse tão alta assim, ela tinha uma beleza que não poderia ser escondida, nem mesmo em seus fios de cabelos rebeldes pela manhã.
Tinha o rosto pequeno, de traços fortes. Olhos castanhos, que alterava o tom de acordo com a iluminação, coisa essa que não há surpreendia muito. Tinha a suave pele morena, e São Paulo não lhe parecia um lugar que era visto externamente.
Às seis da manhã, e o som que ressoava em sua mente, seriam o som de alerta de um jornalista que contava as primeiras noticias do dia, ou quem sabe as primeiras tragédias. Mantinha-se, semi-acordada e sem muitas expectativas do dia, alías não seria mais um dia escolar?
Seu corpo mantinha curvas suaves, em dezessete anos de idade. As pessoas a encaravam com normalidade, mas quase nenhuma realmente a conhecia, nem mesmo ela. A cada dia, ela demonstrava uma nova forma de agir, a tal que nem mesmo reconhecia o que sentia.
Com o peso da mochila em metade do seu corpo, ela vagava pelas ruas como um fantasma das manhãs. Ela fazia o tipo romântico, mas não no sentido literal da palavra, mas seu corpo magro e seus lisos fios de cabelo que caiam sobre seu rosto, mostravam um isolamento natural, que nem mesmo o mais perfeito solo de guitarra.
Aos poucos as imagens iam se materializando na sua mente, as pessoas estavam lá, e o portão estava prestes a ser aberto. Todos estavam ali, mas se fosse pelo mesmo motivo, ninguém saberia ao certo, mas a obrigação dos pais, e a pressão da sociedade, essa sim estava estampada no rosto de todos.
Ela encarava as pessoas, como se nunca as tivesse visto. Isso sim era uma de suas maiores marcas, o renascimento. Como conviver fielmente com alguém que mais se caracteriza com uma fênix? Via as suas expressões, e como fielmente os corpos se comunicavam formando um inconsciente campo de estímulos, e influencias.
Um menino que se aproxima de uma de suas amigas depois das férias coloca gentilmente uma das mãos próximas a calça, com os dedos levemente voltados para baixo, sim naquelas férias, eles teriam tido tempo para sentir saudades, e num encontro se apaixonarem. Mas, com ela seria diferente, quem seria capaz de conseguir o coração da pessoa que vivia com o coração fechado para balanço? Ela tinha a expressão de uma romancista, e um coração de um atirador nazista.
Com um sorriso disfarçado, cumprimentara as pessoas que passavam pelo seu corpo, como sombras de sua imaginação. Sentada no lugar, menos disputado da sala, ela tinha seu rosto totalmente voltado ao rosto do professor, a primeira carteira sempre lhe deixava em silencio, quase sempre. Estava acostumada, a ser paparicada por aqueles que tinham mais experiência, qualquer sábio que preste diria que ela tinha muito mais idade do que seu corpo carnal, sua mente amadurecia na velocidade em que a imaturidade invadia o ser e muitos outros. Uma das datas que ela não conseguia se esquecer seria de uma moça, que vestia uma saia a menos de seu joelho, e parecia estar seminua a andar na rua, achá-la bem mais velha, idade coisa essa que muito lhe incomodava. Seria perfeito, dormir no formol, e viver eternamente, mas viver por qual motivo? Alguns vivem pelo amor, ela vivia pelo desconhecido.
Os minutos passavam, e no silencio ela permanecia, o toque inconfundível dos passos, e a volumosa massa de vozes se movimentava na sua mente.
-Terra para Marie? –disse Victor, olhando em sua direção com os olhos perdidos em seus pensamentos, que embora invisíveis, pareciam mover quem estivesse ao seu redor.
-Perdoe-me, acho que todos já deveriam saber que eu não sou uma fã das manhas. –disse ela com um sorrido disfarçado, pegando um par de canetas que havia deixado cair ao chão. Ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha, continuava a olhar o curioso rosto dele, que parecia a fitar de longe.
-Sim, sim claro. Você ainda é a mesma, a mesma Marie que deixou a escola ano passado sem nenhuma lagrima nos olhos. –sorriu ele ajeitando uma cadeira próxima ao seu corpo.
-Olhe que loucura, você choraria se abandonasse o inferno? –disse ela em um tom irônico. –Passei as férias ate que em boa companhia, uma musica a tocar, e muitas palavras a colocar nos papéis, andei escrevendo muito, terminei dois projetos.
-Claro. Nossa escritora. Tem algo pra fazer depois da escola hoje? –disse ele apontando para a porta, sem evitar olhar levemente para o seu relógio.
-Tenho que me desculpar, mas hoje já tenho compromisso, quero dizer hoje e até o final do ano. Tenho compromisso, arranjei algo para possuir a minha mente. –sorriu ela ajeitando alguns papéis de cima da sua mesa.
-Claro, que idiotice a minha, apostar com o destino um minuto com você. –disse ele disfarçando.
-Vamos pare de modéstias, e me ajude a guardar o material, assim teremos mais que um minuto juntos, quando eu não sair atrasada. –depois de suas ultimas palavras, o agudo som do alarme, ecoava em sua mente, como antes cedo o seu despertador. O som forte era forte e penetrava em seus ouvidos como algo traumatizante.
-Agora eu tenho que ir, te vejo amanha. –disse Marie passando com velocidade pela porta, ela passava pelos corpos que lutavam para apenas passar pela porta, enquanto apenas queria ver a rua novamente, sentir o ar livre tocar em seu pescoço, esticar os braços, e apenas deixar a energia fluir.